segunda-feira, 19 de maio de 2014

O tempo e o vento

A história da família Terra Cambará e de sua rival, a família Amaral, durante 150 anos, começando nas Missões até o final do século 19. Sob o ponto de vista da luta entre essas duas famílias, o filme retrata a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do território brasileiro e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas disputadas entre as coroas portuguesa e espanhola.
Resenha:
Ultimamente, a indústria cinematográfica tem lançado cada vez mais adaptações de livros para as telas. Muitos são sucessos de bilheteria, mesmo quando o livro é péssimo. Outros são tão ruins como o livro. Existem os que são perfeitos: livro e filme. E tem aqueles filmes que não conseguem superar a genialidade de seu livro pois, geralmente, não foi feito para ser visto, e sim para ser lido. O tempo e o ventofaz parte deste último grupo.
A história se passa no Rio Grande do Sul, final do século XIX. As família Amaral e Terra-Cambará são inimigas históricas na cidade de Santa Fé. Quando o sobrado dos Terra-Cambará é cercado pelos Amaral, todos os integrantes da família são obrigados a defender o local. Entre eles está Bibiana, matriarca da família que, junto com seu falecido esposo, Capitão Rodrigo, relembram a história não apenas de seu amor, mas de como nasceu a própria família Terra-Cambará.
Uma obra tão significante para a literatura brasileira conta com um elenco de grandes talentos. Na pele da matriarca Bibiana temos Marjorie Estiano e Fernanda Montenegro. O boa praça Capitão Rodrigo é interpretado por Thiago LacerdaCleo Pires e Suzana Pires dividem a personagem Ana Terra, uma mulher que sobreviveu a grandes perdas e conseguiu reconstruir sua vida em Santa Fé. Luiz Carlos Vasconcelosinterpreta o pai de Ana, Maneco Terra. Ainda contamos com Paulo GoulartLeonardo Medeiros e José de Abreu que representam a família inimiga: os Amaral.
O filme começa tentando demais. Os primeiro enquadramentos lembra os filmes cultuados, como Amélie Poulain e O Segredo dos Seus Olhos. Esses enquadramentos diferenciados, quando bem posicionados na história, traz uma identidade para a estética que é constante no decorrer do filme. Porém, quando mal posicionados, acaba distanciando o espectador da história que está sendo contada. É o que ocorre aqui, ao invés de seguir a primeira proposta apresentada, o diretor, Jayme Monjardim volta às suas origens telenovelísticas e o vai e vem de closes começa a acompanhar o diálogo. Essa quebra acaba afetando a relação do filme com o público.
No meio do filme outro problema: Capitão Rodrigo. Thiago Lacerda é um galã: bonito, alto, olhos claros, encanta qualquer um e se encaixa perfeitamente com seu personagem. Capitão Rodrigo é um herói com direito a fraquezas: vícios, inquietude, entre outros. Um bom moço que não é sempre bom. Não deveria incomodar, mas incomoda. No filme, dentre tantos acontecimentos, a constante camaradagem do personagem, junto com o enredo prolongado, acaba cansando o espectador. Chega um momento em que o encanto de Thiago Lacerda não é suficiente para agradar.
Não há dúvidas de que a leitura de O tempo e o vento não é fácil. O livro conta com três partes e sete livros. Só o filme foi baseado na primeira parte, O Continente, que são dois volumes. Esse seria o primeiro alarde para não adaptá-lo ao cinema. Um livro difícil de ler é uma história difícil de ser contada para as telas. Sua adaptação dá a sensação de que o filme é interminável. As horas passam, os clímax são apresentados, o desfecho acontece e a história continua. Se dada a opção, teria encarado os sete livros da coleção e não ter visto o filme.

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